Entrevistas:
Abrahim Baze - Historiador

Tempo: 07'45"

- Introdução - com faixa de abertura

- trilha sonora curta

- Abrahim Baze – Historiador
"Claro que nós vivenciamos a rampa da Ribeira, que ficava bem ao lado da Catedral Metropolitana. A terra ia até a margem do rio e nós não tínhamos um porto, então esses grandes navios da Europa vinham e a travessia de passageiros e mercadorias era feita por grandes catraias (barcos à vela) que eram, naquela época, operados por alguns homens muito importantes, portugueses, e esses portugueses eram o maior número de catraieiros. Claro que isso foi um evento improvisado, mas com o tempo, com a necessidade da modernidade e a chegada dos ingleses, as pessoas começaram a pensar no porto em 1900, e foi um projeto que levou um certo tempo para ser concluído, e os ingleses então criaram o que chamamos de Rodley, o Porto de Manaus, e que naturalmente teve seu glamour e seu momento especial.

Com a construção do porto, inaugurado em 1910, começamos a vivenciar momentos especiais na vida de uma cidade que não tinha cinema, nem rádio, apenas um ou dois jornais. O porto era o glamour dos domingos, com missa na igreja matriz, café da manhã no mercado Adolfo Lisboa, e depois a maioria da população se dirigia ao porto porque havia competições de remo. Aquilo era domingo de manhã para aquela população.

Claro que, a partir daí, o porto, mesmo ainda sendo na rampa da Ribeira, teve uma vida econômica importante, porque todos os navios que vinham da Europa atracavam ali. E começamos a receber um número muito grande de navios de grande porte, que traziam tudo da Europa, gêneros alimentícios, roupas. A cidade de Manaus era uma cidade feita para uma elite, com lojas finas, com exposições de roupas que vinham da França.

Tudo isso era transportado por navio; ainda não tínhamos pensado em aviões. Então o porto era uma referência, era glamour. O glamour que se perdeu.

Por que perdeu? Porque a partir do momento em que chegou essa modernidade, o porto ficou mutilado. Todos aqueles guindastes, aqueles trens que a população descia de um lado e entrava do outro, e o centro tinha uns trilhos onde ficavam os trenzinhos, que eram puxados por um motor elétrico, que ficava bem em frente ao porto. Essa casa ainda existe lá.

Era ali que ficava a casa de máquinas, que puxava e levava aqueles trenzinhos que traziam a mercadoria. O porto nunca perdeu a economia, nunca deixou de ser uma referência no contexto da economia. Uma das perdas que eu classifico como historiador de suma importância foi o fato de aqueles armazéns serem grandes, importantes, e o mais importante deles era o armazém 10, que ficava bem ao lado do porto.

Poderia ter se transformado em um ambiente turístico de alta qualidade, que era a entrada da cidade, e perdemos esse patrimônio que hoje praticamente só existe como fachada. Mas, com um esforço muito importante, diria até um esforço sobrenatural, estamos começando a pensar em recuperar esse espaço que tinha sua importância econômica e continua tendo. E a partir de agora, com a ideia de restaurar e recuperar parte desse patrimônio, acredito que estamos começando a dar um passo importante para a economia do estado.

Em especial, o lazer, o turismo e o porto continuam a dar a sua contribuição econômica. Claro que os danos foram extensos, e aquela área perdeu o seu caráter, porque se você andar por lá, verá pessoas vendendo ingressos na calçada, vendendo ingressos para visitar certas áreas importantes da cidade, na calçada, vendedores com pequenas mesas, barracas de churrasco, pequenos vendedores de roupas, e assim por diante, o que chamamos de vendedores ambulantes. Acho que deveria haver uma preocupação em abrir aquele espaço para que os turistas possam circular, ir e vir sem serem incomodados por pessoas vendendo alguma coisa.

Outra coisa que eu acho que também prejudicou esse espaço foi a abertura dos ônibus, descer ali, ou seja, sair, passar em frente ao porto. Hoje em dia, economicamente, é difícil dirigir até lá. Então, vai ter muita coisa, muita coisa que vai ter que tomar para que o porto possa ser realmente um espaço turístico agradável e, principalmente, devolver à cidade o que é da cidade.

Mas a economia continua a prosperar, e continuará a prosperar, porque não temos outro porto importante. Claro, não somos um porto que recebe mercadorias do exterior, como portos privados com grandes contêineres. Não, somos um porto diferente e espero que possamos inaugurar em breve esse espaço com a dignidade que ele já teve em um passado não tão distante."

- Trilha sonora final

Detalhes técnicos:
Johnathann Klismann - produtor executivo
Alexandre Almeida - pós-produção e finalização

Produção
Agência Amazônia

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